Nove motoristas são multados ao dia por embriaguez no trânsito na Região de Ribeirão Preto

Nove motoristas são multados ao dia por embriaguez ao volante dentro de Ribeirão Preto e nas rodovias da cidade e da região. A estatística leva em conta as autuações feitas pela Polícia Rodoviária e pela Polícia Militar.

O alto número de infrações revela que, mesmo com o endurecimento da Lei Seca nos últimos anos, a imprudência ainda impera quando o assunto é a mistura álcool e direção.

Nos últimos três anos, policiais rodoviários multaram mais de 10 mil motoristas nas estradas que cortam Ribeirão e mais 42 cidades próximas.

Somente no município de Ribeirão Preto, a Polícia Militar autuou 570 condutores. No mesmo período, 271 acidentes nas rodovias tiveram como motivo a embriaguez ao volante, deixando um saldo de sete mortos e 221 feridos 29 deles com gravidade.

O tenente Péricles Veronezi Flora, da Polícia Rodoviária, considera que um dos dados que mais chama atenção é o alto número de condutores fiscalizados que ainda se negam a fazer o teste do bafômetro nos últimos três anos, foram quase 3 mil motoristas nessa situação nas estradas de Ribeirão Preto e região. "A multa para quem se nega a fazer o exame do bafômetro é igual a quem faz o teste e flagra embriaguez", explicou.

A penalidade inclui suspensão da CNH por 12 meses, multa de R$ 2.934,70, retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento da CNH.

Se o teste apontar concentração igual ou superior a 0,34 miligrama por litro de ar no bafômetro, o motorista também responde por crime de trânsito, com pena prevista de seis meses a três anos de prisão. A partir de abril, porém, a pena pode ser ampliada para 8 anos de prisão.

Docente de psicologia experimental da USP de Ribeirão, José Aparecido da Silva defende um processo mais rigoroso para o condutor tirar a Carteira Nacional de Habilitação (leia mais na página 14).

Bom exemplo

Enquanto as estatísticas revelam imprudência, há motoristas com a consciência de que a mistura álcool e direção é uma combinação que nunca deve fazer parte do cotidiano.

É o caso da jornalista Luiza Grynfogiel, 25, que há dois anos não se arrisca mais no trânsito. "Quando vou ao bar e sei que vou beber, vou de Uber ou de carona. Sou neurótica, com medo de acontecer alguma coisa, a autoconfiança de quem bebe e dirige é ilusória. Já tive quatro conhecidos que perderam a carta após serem flagrados pelo bafômetro", diz Luiza.

Não há dose segura, diz especialista

O especialista em medicina de tráfego Alberto Sabbag reforça que não há dose segura para ingerir bebida alcoólica e dirigir, por isso a tolerância zero.

Segundo ele, a eliminação da bebida alcoólica do organismo varia de pessoa para pessoa, dependendo da quantidade ingerida, do peso, do sexo e da capacidade do metabolismo de cada um.

"Tem pessoas que bebem e na manhã seguinte ainda têm presença de álcool no ar expirado", declarou o médico, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

O especialista acrescenta que a bebida alcoólica não somente afeta todos os tecidos, alterando visão, audição, cálculo de distância, velocidade e atenção, mas também funciona como um vaso dilatador.

"No caso de a pessoa embriagada sofrer acidente, a chance de hemorragia é maior, o coração fica mais rápido, sendo que a probabilidade de morrer é três vezes e meia maior em comparação a quem não bebeu", compara.

Número de multas cai em operações no Estado

O número de motoristas multados por embriaguez ao volante nas operações do programa Direção Segura no Estado caiu proporcionalmente em 2017 na comparação com 2016.

Segundo dados do Detran, 5.134 condutores foram autuados entre 48.401 testes do bafômetro aplicados em 2016 no Estado em 262 blitze, o que representa 10,6% do total de motoristas avaliados.

Em 2017, no entanto, os 78.009 testes do bafômetro aplicados no Estado em 280 blitze resultaram em 5.179 autuações por embriaguez, o que representa 6,6% do total de motoristas avaliados.

"Os números mostram que as autuações e o crime de trânsito estão diminuindo no Estado. Esse é o nosso objetivo. Cada vez mais estamos investindo em educação para o trânsito para mudar essa realidade e salvar vidas", crê Maxwell Vieira, diretor-presidente do Detran.

As blitze contam com equipes do Detran e das polícias Militar e Civil, com o foco de prevenir e reduzir acidentes e mortes no trânsito causados pelo consumo de álcool combinado com direção. O Detran exlica que a Lei Seca também é fiscalizada nas ações de rotina da Polícia Militar no perímetro urbano e pela Polícia Rodoviária nas estradas.

Dirigir com CNH suspensa pode levar à cassação

Caso o motorista seja flagrado dirigindo ou se for registrada alguma infração em seu nome durante o período de suspensão de um ano da CNH, a carteira de habilitação será cassada por um período de dois anos, conforme o Código de Trânsito Brasileiro. Além disso, o condutor terá de pagar a multa em dobro, ou seja, R$ 5.869,40.

Quem tiver a CNH cassada terá que requerer a reabilitação e se submeter novamente aos exames médico e psicotécnico, teórico e prático, como se estivesse tirando a carteira de motorista pela primeira vez.

Ao entregar a carteira para cumprir o período de suspensão que for estipulado, o Detran emitirá um encaminhamento para que o condutor faça um curso de reciclagem. Os estudos são feitos em casa e a prova é marcada a partir de oito dias a partir do cadastro do motorista.

Depois de cumprir a suspensão, o condutor terá a CNH de volta e poderá voltar a dirigir somente se apresentar o certificado de conclusão do curso. A prova tem 30 questões sobre legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros socorros no trânsito e relacionamento interpessoal. O preço do curso em Ribeirão custa de R$ 250 a R$ 350.

Fontes: www.hugodemoura.adv.br

A cidade On - Lucas Castanho